terça-feira, 7 de julho de 2009

uma palavrinha sobre vaidade

pode até ser que a vaidade seja perniciosa se exagerada. claro, quando leva a excesso de plásticas e outras agressões ao corpo ou a uma obsessão tão grande a ponto de tomar a vida de uma pessoa.

mas é tão comum que não acho legal que nós mulheres sejamos julgadas por usarmos a vaidade estampada no rosto (literalmente, inclusive). é mais fácil ver essa controversa característica quando ela é materializada, quando é imagem.

o mundo da moda, da beauté, do estilo, é muitas vezes alvejado e acusado de ser um saco de vaidade, todo um castelo no ar construído em nome de impulsos frívolos e sei lá mais que. isso acontece muito no universo acadêmico, que é onde circulo no dia-a-dia.

só pode ser marcação. vaidade intelectual é o que mais tem pelos corredores ali do departamento. pelas academias mundo afora, pelos jornais e círculos jornalísticos, nas mesas de bar de intelectuais veteranos (conheço vários) e por aí vai.

muitas vezes a vaidade é tanta que, sim, transfigura a pessoa. por dentro e por fora. a pessoa cria deformações em si mesmo para segurar bandeiras a todo custo, as bandeiras que possivelmente ele/ela acredita serem mais dignas ou mais simbólicas de inteligência.

existe a ditadura da beleza, sim. mas também existe a ditadura do cérebro.

acho que o questionamento intelectual deve vir tão casualmente quanto aquela vontadinha de cortar o cabelo.

mas, principalmente, acho que a inteligência vai muito além da intelectualidade! ela está com toda a força na gentileza, na capacidade de ponderar, em gestos afetuosos, em tomadas de decisão, nos cuidados com o corpo, na boa administração da vida prática e assim ad infinitum.

a vaidade pode ser usada a favor da inteligência – nessa acepção ampla e justa, a meu ver – todos os dias, de várias maneiras. e vice-versa.

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